segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Argentina 

Os primeiros europeus chegaram à região com a expedição de Américo Vespúcio, que contornou a entrada do Rio da Prata em 1502. Posteriormente, o navegador espanhol Juan Díaz de Solís, em busca de uma passagem para o Oceano Pacífico, descobriu o Rio da Prata em 1516, e ao desembarcar no atual território do Uruguai foi atacado e morto pelos charruas. Os sobreviventes embarcaram novamente até a Espanha, mas muitos destes naufragaram e se refugiaram na Ilha de Santa Catarina, atual Florianópolis.
Em 1534 a parte norte da atual Argentina foi entregue a Pedro de Mendoza; a região que vai do Estreito de Magalhães até o Pólo Sul passava a ser outorgada a Pedro Sarmiento de Gamboa. Mendoza chegou ao Rio da Prata em 1536 e fundou o Porto de Santa María del Buen Ayre, em honra à virgem de Bonaria, da cidade de Cagliari, patrona dos navegantes.
Em 1609 foi fundada a primeira das missões jesuítas guaranis. As trinta missões chegaram a ser, no século XVIII, um verdadeiro empório comercial, um "estado dentro do Estado", como denominavam seus detratores, que se estabeleceu como um sistema de organização econômica e social distinto ao das colônias que as rodeavam. Visto o respeito com que os jesuítas tiveram pela organização social comunitária dos guaranis, conseguiu-se que as missões tivessem a base do seu crescimento. Em 1767 a Espanha expulsa a Companhia de Jesus de suas possessões, com o qual os povos índios passaram a depender dos governadores civis espanhóis, que os exploraram à revelia, até ao ponto em que no princípio do século XIX quase todas as missões estavam despovoadas e em ruínas.
A sociedade colonial apresentou aspectos dissonantes de acordo com a região. No interior, determinou-se uma sociedade de castas fortemente diferenciadas: os fazendeiros brancos eram o topo social e centralizados do poder nas cidades; eram educados e refinados, enquanto os campesinos mestiços estavam em condições quase servis. A população negra era muito escassa, reduzida quase em sua totalidade ao serviço doméstico, salvo em cidades mais mercantis como Córdoba.
A repressão dos indígenas nos vales Calchaquies, a entrega em mita de muitos deles para trabalhar nas minas de Potosí, o processo de mestiçagem e a grande aculturação fizeram que as encomiendas dessem lugar a um campesinato relativamente livre. Na segunda metade do século XVI, tanto o Alto Peru e Tucumán como o Paraguai exigiam a criação de um porto no Atlântico Sul para poder estabelecer laços de comércio mais próximos com a Espanha e diminuir seu isolamento. É por estes motivos — e pela ameaça de incursões estrangeiras no Rio da Prata — que a Coroa Espanhola autoriza a segunda fundação de Buenos Aires. Desde então a cidade se converteu na saída natural dos produtos altoperuanos (entre eles a prata) e do Paraguai. Estabeleceu-se então, na década de 1580, um lucrativo comércio entre Tucumán e o Brasil através da cidade. 
LITERATURA 
A Argentina tem uma rica história literária, bem como uma das indústrias de publicação mais ativas da região. Os escritores argentinos têm um lugar proeminente na literatura latino-americana desde que se tornaram uma entidade totalmente unida em 1850. A luta entre os Federalistas (que defendiam uma confederação de províncias com base no conservadorismo rural) e os Unitários (pró-liberalismo e defensores de um governo central forte, que incentivaria a imigração européia), deu o tom para a literatura argentina da época.[81]
O abismo ideológico entre o gaúcho épico Martín Fierro de José Hernández, e o Facundo[82] de Domingo Faustino Sarmiento, é um grande exemplo. Hernández, um federalista, opunha-se às tendências centralizadoras, modernização e europeização. Sarmiento escrevia em apoio à imigração como o único caminho para salvar a Argentina de tornar-se sujeita à regra de um pequeno número de famílias de caudilhos ditatoriais, argumentando que esses imigrantes fariam a Argentina mais moderna e aberta a influências européias ocidentais e, portanto, uma sociedade mais próspera.[83]
A literatura argentina do período foi ferozmente nacionalista. Foi seguido pelo movimento modernista, que surgiu na França no final do século XIX e, neste período, por sua vez foi seguido pelo vanguardismo, com Ricardo Güiraldes como uma importante referência. Jorge Luis Borges, o escritor mais aclamado, encontrou novas maneiras de olhar o mundo moderno de forma metafórica e filosófica e sua influência estendeu-se a escritores de todo o mundo. Borges é mais conhecido por seus trabalhos em contos como Ficciones e El Aleph.
Outros ​​escritores, poetas e intelectuais notáveis do país incluem: Juan Bautista Alberdi, Roberto Arlt, Enrique Banchs, Adolfo Bioy Casares, Silvina Bullrich, Eugenio Cambaceres, Julio Cortazar, Esteban Echeverría, Leopoldo Lugones, Eduardo Mallea, Ezequiel Martínez Estrada, Tomás Eloy Martínez, Victoria Ocampo, Manuel Puig, Ernesto Sabato, Osvaldo Soriano, Alfonsina Storni e María Elena Walsh.
CULTURA

Filmes e teatro 

A indústria cinematográfica argentina cria cerca de 80 filmes de longa-metragem anualmente.[80][84] O número per capita de filmes é uma das maiores da América Latina.[81] O primeiro longa de animação do mundo foi feito e lançado na Argentina, pelo cartunista Quirino Cristiani, em 1917 e 1918.[85] Desde 1980, o cinema argentino alcançou reconhecimento mundial, como A História Oficial (Oscar de melhor filme estrangeiro em 1986), Hombre mirando al sudeste, Un lugar en el mundo, Nove Rainhas, El hijo de la novia, Diários de Motocicleta, Iluminados por el fuego e O Segredo dos Seus Olhos, que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2009. Uma nova geração de diretores argentinos chamou a atenção dos críticos em todo o mundo.[86] Os compositores argentinos Luis Enrique Bacalov e Gustavo Santaolalla foram honrados com o Oscar de melhor trilha sonora. Lalo Schifrin recebeu vários Grammys e é mais conhecido pelo tema da Mission: Impossible.
Buenos Aires é uma das grandes capitais do teatro.[81] O Teatro Colón é um marco nacional de espectáculos de ópera e clássicos; sua acústica é considerada a melhor do mundo.[80] Com a sua cena de teatro, de calibre nacional e internacional, a Avenida Corrientes é um sinônimo de arte. A avenida é referida como "a rua que nunca dorme" e por vezes considerada como a Broadway de Buenos Aires.[87] O Teatro General San Martin é um dos mais prestigiados da Av. Corrientes e o Teatro Nacional Cervantes é um dos mais importantes da Argentina. Griselda Gambaro, Copi, Roberto Cossa, Marco Denevi, Carlos Gorostiza e Alberto Vaccarezza são alguns dos mais importantes dramaturgos da Argentina. Julio Bocca, Jorge Donn, José Neglia e Norma Fontenla são alguns dos grandes bailarinos da era moderna.

Música 

O tango, a música e a letra (geralmente cantadas em uma forma de gíria chamada "lunfardo"), é o símbolo musical da Argentina. A idade de ouro do tango (1930 a meados dos anos 1950) inspirou-se no jazz e no swing nos Estados Unidos, com grandes grupos orquestrais também, como as bandas de Osvaldo Pugliese, Aníbal Troilo, Francisco Canaro, Julio de Caro e Juan D'Arienzo. Incorporando a música acústica e depois os sintetizadores no gênero em 1955, o virtuoso bandoneón Astor Piazzolla popularizou o "novo tango" criando uma tendência mais sutil e intelectual. Hoje, o tango goza de popularidade em todo o mundo; em constante evolução, o neo-tango é um fenômeno global com grupos de renome como Tanghetto, Bajofondo e Gotan Project.
O rock argentino desenvolveu um estilo musical distinto em meados da década de 1960, quando Buenos Aires e Rosário tornaram-se berço de grupos de garagem e vários músicos aspirantes. Hoje ele é considerado a forma mais prolífica e bem sucedida do rock em espanhol.[carece de fontes] Bandas como Soda Stereo e Sumo, e compositores como Charly García, Luis Alberto Spinetta e Fito Páez são referências da cultura nacional. A banda Serú Girán fez a entrada nos anos 1980, quando as bandas argentinas tornaram-se populares em toda a América Latina e em outros lugares. As atuais bandas populares são: Babasonicos, Rata Blanca, Horcas, Attaque 77, Bersuit Vergarabat, Los Piojos, Intoxicados, Catupecu Machu, Carajo e Miranda!.
A música clássica européia está bem representada na Argentina. Buenos Aires é o lar do mundialmente famoso Teatro Colón. Músicos clássicos, como Martha Argerich, Eduardo Alonso-Crespo, Daniel Barenboim, Eduardo Delgado e Alberto Lysy, e compositores clássicos, como Juan José Castro e Alberto Ginastera, são internacionalmente aclamados. Algumas cidades têm eventos anuais e importantes festivais de música clássica, como a Semana Musical Llao Llao, em San Carlos de Bariloche e o Amadeus em Buenos Aires.
Além das dezenas de danças regionais, estilo folclórico nacional argentino surgiu na década de 1930. A Argentina de Perón daria origem a Nueva canción, como os artistas começaram a expressar em sua música objeções a temas políticos. O estilo passou a influenciar a totalidade da música latino-americana.[88] Hoje, Chango Spasiuk e Soledad Pastorutti trouxeram a música folclórica de volta para as gerações mais jovens. O folk-rock de León Gieco é uma ponte entre o folclore e o rock argentino.

Esportes 

O esporte nacional oficial da Argentina é o pato, jogado a cavalo, mas o esporte mais popular é o futebol. A seleção nacional de futebol ganhou 25 grandes títulos internacionais,[89] incluindo duas Copas do Mundo da FIFA, duas medalhas olímpicas de ouro e catorze Copas América.[90] Mais de mil jogadores argentinos jogam no exterior, a maioria deles em campeonatos do futebol europeu. Há 331.811 jogadores registrados,[91] com um número crescente de meninas e mulheres, que organizaram seus próprios campeonatos nacionais desde 1991 e foram campeãs sul-americanas em 2006.
A Associação de Futebol Argentina (AFA) foi formada em 1893 e é a oitava mais antiga associação de futebol nacional do mundo. A AFA conta hoje 3.377 clubes de futebol,[91] incluindo 20 na primeira divisão. Desde que a AFA se tornou profissional em 1931, quinze equipes conquistaram títulos do torneio nacional, incluindo o River Plate com 33 e o Boca Juniors com 24.[92] Nos últimos 20 anos, o futsal e o futebol de praia estão cada vez mais populares. A seleção argentina de futebol de praia foi uma das quatro concorrentes no primeiro campeonato internacional para o esporte, em Miami, em 1993.[93]
O basquete é o segundo esporte mais popular, um grande número de jogadores de basquetebol da National Basketball Association (NBA), dos Estados Unidos, e as ligas europeias, incluindo Manu Ginóbili, Andrés Nocioni, Carlos Delfino, Luis Scola e Fabricio Oberto. A seleção nacional masculina de basquete ganhou o ouro olímpico nos Jogos Olímpicos de 2004 e a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de 2008. A Argentina é atualmente classificado em primeiro lugar pela Federação Internacional de Basquetebol. A Argentina tem uma importante seleção de rugby, conhecida como "Los Pumas", com muitos dos seus jogadores que jogando na Europa. O país bateu a nação anfitriã França duas vezes durante a Copa do Mundo de Rugby de 2007, ficando em terceiro lugar na competição. Os Los Pumas estão atualmente em oitavo lugar no ranking mundial oficial.[94] Outros esportes populares incluem o hóquei em campo (especialmente entre as mulheres), tênis, automobilismo, boxe, vôlei, pólo e golfe.

Gastronomia 

Além de muitas das massas, salsichas e pratos de sobremesa comuns na Europa continental, os argentinos apreciam uma grande variedade de criações de povos indígenas e crioulos, que incluem empanadas (uma massa recheada), locro (uma mistura de milho, feijão, carne, bacon, cebola, e abóbora), humita e erva-mate, todos pratos originalmente indígenas, este última considerada a bebida nacional da Argentina. Outros itens populares incluem o chorizo ​​(uma salsicha picante), facturas (pastelaria em estilo vienense) e doce de leite, uma espécie de geléia doce de leite.
O churrasco argentino, asado, bem como uma parrillada, inclui vários tipos de carnes, entre eles, chouriço, pão doce, tripas e morcilla (chouriço). Sanduíches finos, sanduíches de miga, também são populares. Os argentinos são os maiores consumidores de carne vermelha no mundo.[95]
A indústria do vinho argentino, uma das maiores fora da Europa, tem sido beneficiada por um investimento crescente desde 1992; em 2007, 60% do investimento estrangeiro a nível mundial em viticultura foi destinado para a Argentina.[96] O país é o quinto maior produtor de vinhos do mundo,[79] com um dos mais altos consumos anuais per capita de vinho. A uva malbec, um variedade descartável ​​na França (país de origem), foi encontrada na província de Mendoza, um ambiente ideal para desenvolver com sucesso e se tornar a melhor malbec do mundo.[96] Mendoza responde por 70% da produção vinícola total do país. "O turismo do vinho" é importante, na província de Mendoza, com a imponente paisagem da Cordilheira dos Andes e o pico mais alto das Américas, o Aconcágua, 6.952 m de altura, proporcionando um destino desejável para o turismo internacional.
tp://pt.wikipedia.org/wiki/Argentina#Cultura
O menino do pijama listrado  relacionado com a literatura e o cinema 

John Boyne escreveu o rascunho de O Menino do Pijama Listrado, publicado em 2006, em dois dias e meio de pouco sono, segundo ele mesmo. O autor irlandês levou com a obra os prêmios People’s Choice Book of the Year e o Children’s Book of the Year, ambos de seu país natal. O Best-seller foi traduzido ao cinema em 2008, sob direção de Mark Herman, com uma escolha de elenco que vestiu com perfeição os personagens literários. A experiência cinematográfica agradou ao autor, que esteve presente nas gravações.
O enredo expõe a amizade de dois meninos que vivenciam os opostos da Segunda Guerra Mundial; um é filho de soldado e outro, um judeu. Com uma narração sutil, que nem uma vez menciona diretamente a guerra, John Boyne nos leva ao coração de Bruno, protagonista, doce jovem que encontra dificuldades em entender o contexto histórico em que está inserido. Infinitamente mais apaixonante no livro do que no filme, Bruno conquista o leitor a cada página com sua inocência, humor e infantilidade.

É com sofisticado humor que Bruno confronta seus pais a respeito da vida que lhe foi imposta, e com inigualável encanto que se aproxima de Shmuel, seu amigo de pijamas. Por vezes, o livro aproxima tanto o leitor do garoto, que apesar de ser narrado em terceira pessoa, engana por algumas páginas, dando a sensação de que o narrador é Bruno.
Além de um belíssimo enredo, o autor cria uma tensão a cada final de capítulo, que liga o leitor ao começo do capítulo seguinte. Boyne calmamente nos introduz à vida da família, nos insere na mentalidade de cada personagem e, muito veladamente, menciona o contexto nazista e apresenta as opiniões dos personagens em relação ao regime.
Em contrapartida ao velado regime do livro, o filme abre com os créditos sobre as cores da bandeira nazista, dilatando em seguida o plano para a bandeira completa. Isso não o faz merecedor de críticas, uma vez que lidamos com diferentes tipos de arte. O uso da cor, dos planos e movimentos de câmera, entre outros elementos, privilegia o cinema, que deve fazer uso deles. Mas somente um livro pode ser sutilmente intrigante; dizer muito e pouco simultaneamente.
O que caracteriza falha, no entanto, é o modo como o longa-metragem se faz infiel à literatura, com algumas mudanças significativas no enredo. Lamentavelmente, Bruno perde bastante da sua “graça” na transposição da obra. Sendo o personagem mais rico do livro, gera bastante expectativa para quem leu a obra antes.
De modo geral, os personagens foram linearizados e classificados em “bons” ou “maus”. O livro permite uma análise mais profunda dos personagens. Por vezes o tenente alemão Kotler pode ser até simpático, e a figura do tutor não se faz tão rigidamente.
A versão cinematográfica deixou de registrar a importância da amizade para ambos os meninos, bem como a diferença de amadurecimento que há entre os dois devido às diferentes experiências a que foram expostos. O laço criado entre os garotos no livro é mais forte; há mais compaixão e lealdade. Shmuel priva Bruno de algumas verdades, pois tem consciência do que está passando no campo de concentração, e sabe que Bruno não tem.
A força do filme está no elenco. As atuações dos pais de Bruno, interpretados por David Thewlis e Vera Farmiga, refletem bem o espírito do livro. Excelente é a atuação de Rupert Friend, no papel do Tenente Kotler, e, apesar de estar em segundo plano, é brilhante a forma como David Hayman emocionou com Pavel, o descascador de legumes. Todos os soldados aparecem com ímpar imponência, retratando fielmente a imagem de que eles gozavam na época.
O longa-metragem acabou sendo uma descrição mais forte, menos discreta quanto a violências e elementos mais perturbantes que caracterizam a guerra; contrapondo-se à doçura e sutileza do correspondente literário.
http://blog.atelie.com.br/2011/08/o-menino-do-pijama-listrado/#.ULPWs2W4Q1g